É tarde, mas ainda temos tempo: exposição de Ana Teixeira no Maria Antonia

Dia 29/08, uma quinta-feira,  fui num bate-papo com a artista Ana Teixeira. Ela esta com uma exposição no Centro Universitário Maria Antonia, “É tarde, mas ainda tempos tempo”. A imagem que segue aqui vem com uma integração minha à exposição da artista, a toalha de mesa de chitão de casa. Exatamente um movimento dela na forma como cria seus trabalhos. O outro é sempre parte central de seus projetos. E o espaço público seu foco de ações. 

A exposição mostra vários projetos de Ana ao longo de 20 anos com estes outros e outras sem X. 

Conforme segue nota do texto de abertura da curadora Galciani Neves: “optou-se por abandonar o uso do ‘X’ como linguagem supostamente neutra para flexão de gênero, pois é impronunciável, e, portanto, inaplicável à linguagem falada. Na tentativa de escrever de maneira não sexista, a redação do texto adere ao uso do ‘e’. “ 


Sim, a exposição lida com questões de gênero também. Tem um enorme painel sobre uma das últimas ações de Ana ali mesmo na rua Dona Maria Antônia em que foram representadas 40 mulheres com frases curtas instigadas pela pergunta “o que você não quer mais calar?”. E vieram muitas respostas que estão ali expostas em placas levantadas por mulheres.

 As frases fazem pensar por serem corriqueiras, tão justas, desnecessárias talvez, mas estão ali se repetindo e se repetindo como em qualquer processo de transformação e conquista de novos territórios. Um dia talvez a artista volte pra rua e elas se tornem raras de tão óbvias ou ainda Ana nem faça mais esta pergunta. 

Há ainda os projetos:  Empresto meus olhos, Identidades trocadas e uma captura infindável de grafites com frases das ruas que acompanham a vida da artista. Disse ela: “chega a ser perturbador porque tenho que ler tudo na rua, até uma frase que dizia, ’burro é assim mesmo, tudo que vê lê!’ “

De fato a rua fala com a artista que tem a palavra, a voz do outro, como seu principal protagonista. As trocas entre a artista com estes outros se revelam através destes  infindáveis projetos de instigar a presença das pessoas a conversarem com ela e fazerem trocas de identidades, de palavras, de gêneros e paisagens. Não é por nada que o desenho de frases numa linha sutil acompanhe toda a exposição. A palavra para Ana é corrente. 

foto da exposição “É tarde, mas ainda temos tempo”.


Ainda há um manual bárbaro de ações ou instruções para que estas ações com os “outres” aconteçam:

 1. Coleta de espécies locais

 2.Outra identidade

 3. Escuto histórias de amor

 4. Escute!

5. Troco sonho

O kit de folhetos que forma o pequeno manual  para ações está disponível  para o público levar. Da minha parte  vou colocar o meu manual em uso rapidinho. 


“É tarde, mas ainda temos tempo”. Corre lá no Centro Universitário Maria Antonia que a exposição fica em cartaz até 29 de outubro de 2019. 
http://www.mariantonia.prceu.usp.br/…/e-tarde-mas-ainda-te…/

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